Cheiro de feijão, estrelas e sonhos


Texto de Paulo Roberto Gaefke
Escrito em Dezembro 11, 2009
Aquele cheiro de feijão cozinhando foi demais para Eduardo. Depois de muito tempo nas ruas, comendo os restos do que conseguia, ele se deixou levar pelo aroma daquele feijão e, quando viu, estava batendo palmas naquela casa de onde provinha o aroma tão marcante. Uma senhora de cabelos brancos e com um avental na cintura, também branco, atendeu e não se assustou com a roupa dele, já muito gasta, nem pelos seus cabelos enormes, que há muito não via um corte.
- “Que foi meu jovem, em que posso ajudá-lo?”.
Eduardo ficou mudo diante daquele rosto tão bondoso. Sua voz não saía, e ele gaguejou:
- “Bom…bom…bom dia. Sabe, é que eu senti o cheiro do feijão cozinhando e lembrei me da minha mãe, lembrei-me da fome e resolvi pedir um pouco, se a senhora puder. Pode ser num copo plástico mesmo, só para eu poder matar a vontade de comer esse feijão tão cheiroso.
Dona Benedita ficou surpresa com o desejo daquele menino. Sim, apesar das roupas velhas e sujas, do rosto marcado pela sujeira, aquele rapazote não deveria ter mais do que 15 ou 16 anos. Até hoje ela não sabe o por quê daquele gesto tão incomum nos tempos atuais, onde a violência está em cada esquina. O fato é que ela se comoveu com aquele menino e pediu para que entrasse.
Eduardo não sabia o que fazer. Nunca alguém o convidara para entrar em uma casa. O máximo que faziam era dar uma comida misturada em latas de goiabada ou em embalagem plástica de sorvete, que normalmente as pessoas nem queriam de volta, como se ele tivesse alguma doença contagiosa.
Timidamente ele entrou naquele quintal enorme e, seguindo aquela senhora tão amável, entrou em uma cozinha muito bonita, simples, com azulejos azuis claros nas paredes, piso vermelho brilhando, uma mesa e 4 cadeiras brancas. Na mesa, uma toalha muito branca e já sobre ela, arroz em uma travessa, água fresca, pratos e copos.”Ah, meu Deus, o paraíso deve ser assim!”, pensou Eduardo.
Sem saber o que fazer, ficou ali, na porta, em pé, observando aquele ambiente que lhe deu uma paz indescritível. Ele já estava andando pelas ruas há mais de 4 anos, desde que sua mãe morreu, lá naquele Estado distante, Sem nenhum parente, Eduardo lembrava-se apenas da mãe dizendo que teve um paizinho muito querido, que morava em São Paulo, lá pelas bandas da Vila Maria, que ela amava muito e queria tanto ver.
Lembrava da mãe chorando todas as noites, falando baixinho para ele não acordar, da saudade do pai e da mãe tão amada, que morreu de uma doença nos pulmões, sem rever os parentes.
Dona Benedita, voltou de um dos cômodos trazendo uma toalha e algumas roupas usadas mas muito limpas, e foi falando para ele tomar um bom banho e se trocar, enquanto ela acabava o feijão. Sem saber muito o que fazer, Eduardo entrou naquele banheiro e tomou o banho mais gostoso da sua vida. Ele também nunca viu tanta água encardida sair de uma pessoa…
Aos poucos, aquela marca e aquela casca impregnada das ruas foram saindo. Junto iam as dores, as mágoas, e ele se pegou cantando. Quando saiu do banheiro, Dona Benedita ficou parada olhando para aquele rosto, os cabelos ligeiramente alourados, cheios de cachos…

Dona Benedita imediatamente lembrou-se da sua filha, que saíra de casa numa briga com o pai. Ela engravidara de um rapaz que não quis assumir a criança. Seu Vicente, homem das antigas, não soube entender a filha caçula, grávida e sem marido, e, num gesto impensado, a mandou embora. Os dois discutiram e moça falou que ela não era mais a sua filha. Ela saiu naquela noite de setembro e nunca mais deu notícias.
Aquilo foi demais para o velho pai, que, apesar do modo grosseiro de tratar os filhos, rude, acostumado somente ao trabalho, amava como louco a sua filha, e todos os dias, depois que ela partiu, saia às ruas atrás de notícias, de alguma pista que o levasse até ela. Arrependido, seu Vicente foi definhando, definhando e morreu 4 meses depois, sem nunca mais a ver.
E ali estava aquele rapazote, com o rosto parecido com o da filha. Mas, Dona Benedita voltou à realidade do feijão na mesa, e o mandou sentar. Quando o rapaz colocou a primeira garfada na boca, grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Dona Benedita, percebendo a situação, perguntou: “Que foi filho?
O feijão tá tão ruim assim que te fez chorar?“.
Eduardo sorriu timidamente e disse que não. Era apenas a lembrança da mãe que ele amava tanto…
Em silêncio eles comeram e, notando o apetite do rapaz, ela mesma o serviu mais duas vezes. Depois, ela passou um café; perguntou o seu nome; quis saber um pouco da sua história. Ele só falou o nome e saiu agradecendo a sua melhor refeição dos últimos tempos.
Meia hora depois, com roupas limpas, banho tomado e barriga forrada, Eduardo acabou descobrindo que já estava na Vila Maria e isso acendeu a sua esperança. Mas, quando a noite chegou, ele viu, pelas luzes que se acendiam, que aquele lugar era muito grande, e sem maiores detalhes do avô e da avó que nunca tinha visto, imaginou que seria impossível encontrar os parentes.

Enquanto isso, Dona Benedita, estava no seu quintal, observando a noite. Tem sido assim desde que a filha sumiu no mundo. Sempre olhando para o céu, ela sempre nota que uma estrela se destaca das outras, É para essa estrela que ela se dirige há muitos anos, como se fosse para a própria filha. Nessa noite, seu coração estava inquieto. Aquele rapaz na cozinha mexeu com ela. Ao olhar para a sua estrela favorita, notou que ela parecia girar, brilhando mais forte. Dona Benedita imediatamente reviu a imagem do Eduardo e ficou pensando…
No dia seguinte, Dona Benedita sai cedo, sem destino. Passou pelas ruas perguntando se alguém tinha visto um andarilho, descrevendo-o. Ela precisava tirar uma dúvida e não podia perder a chance.
Encontrou-o numa praça, sendo abordado por dois policiais, que o agarravam com ares de poucos amigos. Dona Benedita chamou-o pelo nome e, ao olhar para ela, os policiais o soltaram e perguntaram se ela o conhecia. Ela respondeu afirmativamente, o que fez com que o menino fosse liberado.
Assustado, Eduardo agradeceu pela gentileza e Dona Benedita o fez sentar no banco e contar a sua história. Conforme ele ia contando, a mulher percebia os pontos em comum com a história da sua filha: o tempo decorrido e a sua idade, os cabelos cacheados e aqueles olhos, que agora ela parecia ver como um espelho, que refletiam os olhos do seu amado marido. Quando ele falou o nome da sua mãe, Dona Benedita começou a chorar. Chorou tanto e abraçava tanto Eduardo que ele ficou com medo de ela morrer: “Mas, dona, o que foi que eu fiz?… Por favor, me fale… Pare de chorar.
Dona Benedita secou as lágrimas e contou a história da filha. Então, Eduardo percebeu que a sua busca tinha acabado. Ela acabou de encontrar a sua família e foi a vez de ele se entregar naquele colo e chorar.
O tempo passou…
Mais de 12 anos já se passaram desde aquele “reencontro”. Eduardo é arquiteto de muito prestígio na construtora onde trabalha. Casou-se e tem dois filhos e, mesmo podendo morar no seu elegante apartamento, preferiu ficar naquela casa que o abrigou, ao lado da sua avó, que sempre faz aquele feijão cheiroso que o conquistou.
Toda noite Dona Benedita ainda sai para o quintal, olha para o céu e fala com a filha, olhando para aquela mesma estrela, que agora, desde o dia em que Eduardo apareceu, tem outra estrela ao lado. Dona Benedita tem certeza que pai e filha se reencontraram no céu, no lugar onde o amor venceu e sempre vencerá.

E, se essa história te parece impossível, talvez seja por isso que você ainda sofra com algumas decepções e deixe de lutar pelos seus sonhos. Talvez você tenha esquecido de amar um pouco mais, de dar mais dois passos em direção à sua estrela e descobrir que, apesar da noite escura e chuvosa, ela jamais deixou de brilhar.

Graças concedidas



Eu pedi a Deus que tirasse meu orgulho.
E Deus disse não!
Não Lhe cabia tirá-lo, mas a mim deixá-lo...

Eu pedi a Deus que me desse paciência.
E Deus disse não!
Ele disse que a paciência nasce das atribulações;
Ela não é concedida, é merecida...

Eu pedi a Deus que me concedesse felicidade.
E Deus disse não!
Ele disse que me daria Suas bênçãos;
A felicidade viria de mim mesmo...

Eu pedi a Deus que me poupasse do sofrimento.
E Deus disse não!
Ele disse que a dor afasta-me das ilusões da vida
e leva-me para mais perto d’Ele...

Eu pedi a Deus que me fizesse crescer minha vida espiritual.
E Deus disse não!
Ele me disse que eu deveria crescer sozinho,
mas Ele vai podar-me como um ramo, para que produza frutos...

Eu perguntei a Deus se Ele me ama.
E Deus disse sim!
Ele deu-me Seu Único Filho, que morreu por mim
E quer-me um dia no céu, pela minha Fé...

Então, pedi a Deus que me ajudasse
a amar os outros como Ele me ama.
E Deus disse:
"Finalmente compreendeste!"



A vida num instante

De um momento para o outro a nossa vida muda. Estamos em mudança constante. De um segundo para o outro perdemos pessoas importantes na nossa vida, e por vezes basta um instante para encontrar alguém por quem temos andado a procura a vida toda, e ainda mais um segundo para voltar a perder, para depois conquistar novamente. As mudanças do ciclo de vida são das mais variadas que se pode imaginar. Umas são para melhor. Outras são para pior. Mas todas eles fazem parte da vida. Umas por vezes não custam nada, mudar de estilo, mudar de pensamentos, mudar de emprego. Outras estão rodeadas de sofrimento. Mudar de pais, mudar de amigos, mudar de amores.
Que acontece quando somos confrontados com estas mudanças e nada podemos fazer para o impedir? Sofremos naturalmente. Mas esse sofrimento fornece a energia necessário para viver. De certo modo sofrer faz com que exista uma vontade de procurar uma situação melhor. E isso implica mais uma mudança. Isto é, na realidade um ciclo vicioso, onde a única forma de o travar é a monotonia. E quem gosta disso? Ninguém. Por isso temos mais é que aceitar estas mudanças. Porque, quer se aceite, quer não, a vida é um instante muito breve onde de um momento para o outro acontece mais uma mudança que não podemos controlar. A morte. A mudança suprema, aquela em que passamos de um mundo para o outro, e não levamos nada conosco, apenas deixamos. Deixamos as recordações com que os vivos ficam de nós, e até essas recordações tem data de validade associada mais uma vez a morte.
Por isso, não devemos tentar fugir as mudanças que cruzam o nosso caminho, mas sim enfrentar cada uma delas com coragem e com a idéia que essa mudança pode ser para melhor.

"A vida são dois dias, o de ontem já passou e o de hoje está a acabar. Amanhã está no incerto. Aproveitam cada nova oportunidade."


Fonte:http://omeumundoporescrito.blogspot.com/2008/02/vida-num-instante.html
Poema

Os melhores Recados de Poemas em forma de agradecimento:
www.MiniRecados.com/poemas_em_forma_de_agradecimento/


Mais uma estrela no céu!



Quando morremos,
deixamos atrás de nós
tudo o que possuímos
e levamos tudo o que somos.

 (Autor desconhecido)

UM MINUTO


Um minuto serve para você sorrir: Sorrir para o outro, para você e para a vida.Um minuto serve para você ver o caminho, olhar a flor, sentir o cheiro da flor, sentir a grama molhada, notar a transparência da água. Basta um minuto para você avaliar a imensidão do infinito, mesmo sem poder entendê-lo.
Em um minuto apenas você ouve o som dos pássaros que não voltam mais. Um minuto serve para você ouvir o silêncio ou começar uma canção. É num minuto que você dará o sim que modificará sua vida... e basta. Basta um minuto para você apertar a mão de alguém e conquistar um novo amigo. Em um minuto você pode sentir a responsabilidade pesar em seus ombros: a tristeza da derrota, a amargura da incerteza, o gelo da solidão, a ansiedade da espera, a marca da decepção e a alegria da vitória... Quanta vitória se decide num simples momento, num simples minuto!
Num minuto você pode amar, buscar, compartilhar, perdoar, esperar, crer, vencer e ser...Num simples minuto você pode salvar a sua vida... Num pequeno minuto você pode incentivar alguém ou desanimá-lo! Basta um minuto para você recomeçar a reconstrução de um lar ou de uma vida.
Basta um minuto de atenção para você fazer feliz um filho, um aluno, um professor, um semelhante...Basta um minuto para você entender que a eternidade é feita de minutos.